Simbolismo

Mesmo quando está deprimido, o homem, como a mulher, bem entendido, não cessa de produzir simbolismo, sobre uma realidade que pode ser interior ou exterior. Mas no caso da depressão, ou da bipolaridade, tem a ver com o acúmulo de imagens referentes a um tempo anterior vivido em termos de percepção lúcida face à realidade exterior, circundante. O filósofo espanhol Xavier Zubiri explica isto mesmo na sua monumental obra "La Structura Dinámica de La Realidad". Mais, quando desperta para a vida normal, depois de uma depressão, o sujeito tem tendência a "abocanhar" a realidade, ou seja, de tão sôfrego está de sinais e símbolos externos, vai num impasse com muita força para com as relações sociais, como se não houvesse amanhã. Como se procura então o equilíbrio? Pela meditação e o esforço físico, sem dúvida. Nunca como agora o dito greco-socrático está tão actual: "mente sã em corpo são". Na verdade, o bem estar não é resultado da riqueza ou dos bem materiais mas sobretudo do bem estar físico-material-espíritual. As três componentes constituem os três pilares da existência, a que poderemos somar a parte afectiva, que sem dúvida está já implicada na componente espiritual. Dizia Ernst Cassirer que o Homem é um animal simbólico: ele precisa dessa armadura de símbolos para se sentir em consonância com o mundo externo e  desenvolver um mundo interno que corresponda, de certa maneira, à sua personalidade, e ao desenvolvimento de suas apetências em sociedade,..É certo que em determinado ponto, essa estrutura da realidade pode viver em nós, quando partimos daqui, mas de certa mentira deixamos algo de nós nos outros (em vez de dizermos fatalmente que alguém leva algo de nós..). O mundo é aqui, o infinito é aqui, no mundo social.. Talvez não haja outro mundo e o mundo social seja esse infinito a que nos entregamos todos os dias...Por isso nos custa tanto deixá-lo e em certa medida, em termos de depressão, nos custa tanto reatar laços quando os perdemos...

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